A doença de Parkinson é uma doença neurológica, crónica e progressiva, que atinge o Sistema Nervoso Central e compromete os movimentos. Isto acontece devido à morte das células do cérebro, em especial numa área conhecida como substância negra. Esta área é a responsável pela produção de dopamina, um neurotransmissor que controla os movimentos. A incidência de Parkinson é maior em idosos, com início aos 60 anos e a sua prevalência aumenta a partir dos 70 anos.
Principais sintomas da doença de Parkinson
Tremor
É o sintoma mais conhecido. Geralmente inicia-se com um tremor apenas em um dedo e depois progride para todo o braço. Esse tremor pode desaparecer durante o movimento.
Rigidez articular
Os músculos ficam mais tensos e contraídos, especialmente no pescoço e pernas.
Bradicinesia – lentidão dos movimentos
Com a perda da capacidade de iniciar e se manter em movimento, estes doentes adotam uma postura inclinada e uma caminhada lenta e arrastada com passos curtos. Depois de anos pode acontecer o “congelamento” ao querer iniciar a marcha e perder os movimentos do corpo.
Instabilidade postural
Possuem alterações de equilíbrio e coordenação motora, adotando uma postura inclinada, com a cabeça inclinada para baixo e ombros caídos.
Conforme a evolução do quadro, estão presentes mais sintomas, como:
- Hipersalivação com dificuldade na contenção da saliva;
- Dificuldade para engolir;
- Falta de expressão no rosto;
- Dores musculares;
- Perda da motricidade fina, a letra torna-se menor e torna-se mais difícil entender o que foi escrito;
- Voz para dentro, mais baixa e monótona;
- Défices de memória;
- Ansiedade e depressão.
O dia-a-dia com um doente de Parkinson
A depressão acompanha-se da diminuição das atividades, falta de apetite, fadiga, sentimento de culpa, vergonha, diminuição da concentração, excesso ou falta de sono. Essas situações podem levar as pessoas com Parkinson a diminuírem o contato social e ficarem mais isoladas em casa, afetando negativamente a qualidade de vida do doente e dos seus familiares.
Perante todas essas alterações físicas e psicológicas, que levam à limitação das atividades do dia-a-dia, é fundamental ter um cuidador, que irá garantir:
- Tratamento adequado;
- Apoio no dia-a-dia;
- Orientações básicas para tornar a vida do doente mais saudável;
- Alimentação e medicamentos administrados corretamente;
- Cuidados com a higiene;
- Momentos de lazer e interação;
- Apoio emocional.
Cuidar de alguém que sofre com uma doença tão delicada como esta requer paciência e ao longo do tempo torna-se um trabalho desafiante. Por isso, se é o cuidador e apresenta alterações emocionais, não deixe de iniciar acompanhamento psicológico e lembre-se de ter tempo para descontrair e relaxar.
Como adaptar a casa a esta nova realidade?
Após o diagnóstico, algumas adaptações devem ser feitas em casa para torná-la mais segura:
- Piso antiderrapante;
- Evitar uso de escadas;
- Colocar os objetos mais usados num lugar acessível;
- Evitar tapetes;
- Usar uma cadeira para banho;
- Instalar barras de apoio nas áreas mais frequentados;
- Adaptar os talheres;
- Ter atenção a animais domésticos, podem fazer cair o doente.
A Fisioterapia e a doença de Parkinson
Todos os pacientes com Parkinson devem seguir um programa de fisioterapia de acordo com as necessidades específicas de cada um. Tudo para garantir mais segurança e autonomia com a rotina de exercícios.
Os objetivos da fisioterapia para pacientes com Parkinson são:
- Manter as capacidades funcionais;
- Ajudar a retardar os sintomas;
- Evitar ou diminuir complicações e deformidades;
- Orientar sobre o tipo de posturas corretas;
- Manter as amplitudes articulares;
- Evitar contraturas e encurtamentos musculares;
- Evitar a atrofia por desuso e fraqueza muscular;
- Trabalhar a componente respiratória;
- Melhorar o equilíbrio, a marcha e a coordenação;
- Estimular as atividades do dia-a-dia.
Os recursos fisioterapêuticos mais usados são:
Técnicas de relaxamento muscular
São eficazes na diminuição da rigidez, tensão, contraturas e ansiedade.
Alongamentos musculares
Ajudam na manutenção das amplitudes articulares e flexibilidade muscular, evitando encurtamentos e deformidades.
Exercícios de força muscular
Têm como objetivo deixar os músculos mais fortes para evitar atrofia e fraqueza muscular.
Treino de equilíbrio e coordenação
São importantes para melhorar a marcha e levantar da cadeira, por exemplo.
Treino de marcha
Corrigir a marcha, que se torna arrastada e de passos curtos, com exercícios de passadas maiores e aumento dos movimentos do tronco e braço, por exemplo.
Treino postural
São exercícios para melhorar a postura e automaticamente vai ajudar a ter mais consciência corporal.
Exercícios respiratórios
Ajudam a controlar a respiração.
Hidroterapia
Os exercícios na água reduzem a rigidez, facilitando o movimento.
Exercícios em grupo
Ajudam a evitar a tristeza, isolamento e depressão, trazendo mais estímulo através do incentivo mútuo e bem-estar geral.
Conselhos para portadores de Parkinson
- Praticar atividade física regularmente, como caminhadas;
- Manter a atividade intelectual: ler, ver televisão, ir ao cinema e ouvir música;
- Fazer adaptações em casa e assim deixá-la mais segura e confortável;
- Fazer um programa com uma equipa multidisciplinar com médico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e psicólogo;
- Tomar um banho relaxante antes de dormir e tente deitar-se sempre à mesma hora;
- Usar roupas confortáveis para dormir;
- Usar copos de plástico, evitar os de vidro;
- Evitar ir às compras nas horas de muito movimento.
Sabia que….
Dia 11 de Abril é o dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson e obter informações é fundamental para encontrar ajuda médica em tempo adequado e para poder fazer um tratamento eficaz.
Não deixe de procurar também a Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson para mais informações.
Texto escrito pela terapeuta Manuella Rodrigues.