Também conhecida por Cinesioterapia Respiratória, a Fisioterapia Respiratória é uma área da Fisioterapia que utiliza estratégias, meios e técnicas de avaliação e tratamento não evasivos, com o objetivo de otimizar o transporte de oxigénio.

A Fisioterapia Respiratória contribui, assim, para prevenir, reverter ou minimizar disfunções ao nível da respiração, promovendo a máxima funcionalidade e qualidade de vida do utente.

Sistema respiratório

É o sistema responsável por garantir as trocas gasosas com o meio ambiente, levando o oxigénio aos pulmões, sangue e células, e extraindo o dióxido de carbono para o meio ambiente. 

O sistema respiratório está interligado com o sistema circulatório e o sistema metabólico, por isso, caso exista um problema num destes sistemas, os outros irão ser afetados.

O que são as Doenças Crónicas Respiratórias? 

Este tipo de doenças não apresenta cura e, entre estas, encontram-se a DPOC, a Asma, as Bronquiectasias, a Fibrose Cística, entre outras. 

Estas patologias dividem-se em duas fases:

• A fase aguda, em que os sintomas se agravam, e a que se dá o nome de exacerbações. Esta podem levar a internamentos e novas medidas médicas, piorando o estado da doença, uma vez que com cada internamento o prognóstico pode agravar-se.
• A fase estável, em que o utente convive com a doença, conseguindo fazer o seu dia-a-dia com algumas restrições.

Em que altura e de que forma a Fisioterapia Respiratória atua?

Nas doenças crónicas

A fisioterapia atua na fase aguda da doença, seja nos Cuidados Intensivos ou no internamento ou ao domicílio, de modo a:

• aliviar os sintomas, como a dispneia;
• melhorar a eficácia da tosse;
• aumentar a ventilação e os níveis de oxigénio;
• aumentar a mobilidade e a expansão pulmonar;
• prevenir deformidades posturais associadas ao distúrbio respiratório;
• limpar as vias aéreas, prevenindo a acumulação de secreções.

Na fase estável

Atua com o objetivo de:

• prevenir exacerbações e futuros internamentos;
• aumentar a tolerância ao esforço;
• ensino de estratégias para controlo da dispneia;
• ensino dos fatores de risco;
• ganho de confiança e autonomia no seu dia-a-dia;
• prevenir o isolamento e depressão causados pelas limitações da doença;
• aumentar a esperança e qualidade de vida de cada utente.

A Fisioterapia Respiratória também atua nas doenças agudas como a pneumonia ou o derrame pleural. Além disso, também é utilizada no pré e pós operatório de cirurgias pulmonares, cardíacas, mamoplastias e/ou transplantes pulmonares, cardíacos e/ou renais.

População Alvo

A Fisioterapia Respiratória atua em todas as pessoas, desde bebés a idosos, com problemas respiratórios ou cardiorrespiratórios que beneficiem da nossa intervenção. É reconhecida como um componente do tratamento não farmacológico da patologia respiratória. 

Bebés e Crianças

Nos bebés e crianças é frequente que os resultados das sessões de fisioterapia sejam visíveis logo nas primeiras sessões, contribuindo para que recuperem rapidamente o bem-estar geral, a vitalidade, o apetite e o sono.   

Os principais benefícios serão:

• Mobilização de secreções;
• Melhoria da função dos músculos respiratórios;
• Minimização da retenção de secreções pulmonares;
• Aumento da oxigenação;
• Expansão pulmonar;
• Aumento do volume corrente (quantidade de ar mobilizada num ciclo respiratório);
• Diminuição da frequência cardíaca e respiratória.

Adultos e Idosos

A Fisioterapia Respiratória para adultos ou idosos não apresenta resultados tão imediatos, mas atua principalmente: 

• Controlo da dispneia – sensação de falta de ar;
• Melhoria na drenagem de secreções;
• Aumento da ventilação pulmonar;
• Prevenção e ajuda no tratamento das infeções respiratórias;
• Evicção de complicações cardíacas, musculares e metabólicas;
• Complemento para o tratamento médico;
• Aumento da tolerância ao exercício;
• Fortalecimento dos músculos respiratórios.

As técnicas de Fisioterapia Respiratória, principalmente em adultos, passam por exercícios respiratórios e técnicas de relaxamento. Em casos mais complicados pode ser necessária a utilização de dispositivos especializados.

Em que condições se aplica

A Fisioterapia Respiratória atua em diferentes patologias, tais como:

• Bronquiolite;
• Pneumonia;
• Derrame pleural; 
• Infeções respiratórias; 
• Asma; 
• Doenças neuromusculares
• Bronquites crónicas;
• DPOC (doença pulmonar obstrutiva crónica); 
• Enfisema; 
• Fibrose cística ou pulmonar; 
• Bronquiectasia; 
• Doentes com patologia do foro cardíaco;
• Status pós transplante cardíaco, pulmonar e/ou renal.

Importância da prevenção e manutenção fora das crises

A Fisioterapia Respiratória atua, também, como modo de prevenção de exacerbações e internamentos. Isto porque introduz técnicas de controlo dos sintomas e aumenta a tolerância ao exercício, impedindo que o utente se isole ou necessite de terceiros para o seu dia-a-dia. O utente ganha, assim, qualidade de vida.

Exercícios para fazer em casa

Exercícios para controlar a dispneia

Respiração diafragmática

1. Coloque as mãos sobre a barriga, sem fazer pressão;
2. Inspire pelo nariz e mande fora pela boca;
3. Ao inspirar, de forma lenta e suave, coloque a barriga para fora como se fosse um balão;
4. Ao expirar, encolha a barriga sem movimentar o tórax.

Este tipo de respiração vai ajudar a que se sinta mais calmo e relaxado, ao mesmo tempo que aumenta a concentração de oxigénio.

Lábios semicerrados

1. Inspire de forma lenta e profunda, pelo nariz, mantendo a boca ligeiramente aberta;
2. Abra ligeiramente a boca. Coloque a ponta do seu dedo indicador entre o lábio de cima e o de baixo para ter uma ideia da distância que deve ter entre eles.
3. Expire de forma lenta e profunda pela boca, o máximo possível. 

Esta técnica ajudará a diminuir a sua frequência respiratória, tornando-a mais profunda e satisfatória.

Fortalecimento dos músculos respiratórios

1. Encher um balão
2. Fazer abanar uma folha de papel:
   – Pegue numa folha de papel e coloque à frente da boca. 
   – Encha o peito de ar o máximo que conseguir.
   – Depois deite o ar fora com a máxima força possível para movimentar a folha.
3. Encha o peito de ar, prenda a respiração durante 3 a 5 segundos e, em seguida, deixe o ar sair pela boca de forma lenta.

É importante manter a condição física, por isso realize caminhadas ou ande de bicicleta frequentemente, de forma a prolongar os benefícios do programa de reabilitação.

Texto da autoria da terapeuta Rita Esteves.